quinta-feira, 15 de outubro de 2009

E se o telefone tocar?!


Teoricamente estava sendo mais fácil aquela semana em que ele apagou da memória o numero do meu celular e o meu endereço. Estava sendo melhor quando eu dizia para a minha mãe, minhas amigas, a terapeuta, a minha cachorra e principalmente a mim mesma que eu queria ele FORA da minha vida. Dos meus pensamentos, dos meus planos, da minha agenda telefônica. Foi fácil tirar o toque personalizado do celular quando era o numero dele ligando pro meu no outro lado da linha.
Sem sombras de duvidas eu estava preferindo planejar o meu fim de semana sem que ele fizesse parte de nenhum momento. Estava acostumando a no final do dia não querer discar o seu numero pra contar todas aquelas pequenas grandes coisas que haviam acontecido comigo. O sono na faculdade, a nota baixa daquela maldita prova, as risadas no fórum, a audiência feita, o advogado chato, as crises da minha mãe, o namoro conturbado da minha irmã, a minha pretensão de dormir cedo que nunca foi almejada. Estava seguindo em frente, sem olhar pra trás. Fazendo o máximo de esforço dentro dos meus limites humanos para de fato não lembrar da existência daqueles olhos pequenos e pretos, que num passado nem um pouco distante, me ligariam quando anoitecesse ou que enviariam aquela mensagem de texto as 10 da noite.
Pra quem esperava de mim fragilidade total depois de um termino de relacionamento, desculpem, mas eu superei as expectativas e ate que fui bem durona na queda. Decidida a procurar novos caminhos, a me deixar levar pelo desconhecido, a proporcionar a mim mesma o beneficio da duvida. Movida pela razão, e com todas as minhas amigas segurando a minha barra! Secando as lagrimas e não mais as deixando rolar bochecha abaixo, uma hora elas tinham que parar, já que vinham a todo o momento por muito pouco e as vezes por nada. Vai ver que foi por isso, pela minha falta de fragilidade, que o telefone tocou. Sem o toque especial de antes, mas tocou. Era ele. Com a voz firme e pacifica, como sempre. Meu estomago embrulhou. Quis não sentir nada, mas a tentativa foi em vão. O pior disso tudo é que o telefone tornou a tocar nos próximos dias. Não acreditava quando via no visor do celular aquele numero que eu reconheceria até com os olhos vedados. Não crie expectativas! Não crie expectativas! Não crie expectativas! Meu cérebro BERRA todo instante. Eu estou ouvindo atenciosamente, juro. O coração sussurra quase imperceptível, mas é claro que eu o escuto dizendo ‘’ele vai te ligar de novo, e de novo e de novo!’’ Mas nao vou me deixar levar. Nem por ele, nem pelos telefonemas e pelas palavras que só eu ouvi durante as horas de conversa. Estou ciente de que preciso continuar deixando o meu sentimentalismo de lado! Quero continuar a ter a sensação de estar pisando em ovos. Quero me entregar de novo um dia, mas não agora, não tão cedo. Quero receber antes de doar. Quero reciprocidade total. Quero alguém completo, cansei de metade!

Quanto mais expectativas se criam em cima das pessoas, mais elas te decepcionam! Então, como meu cérebro vem ordenando, NÃO CRIE EXPECTATIVAS!!! As vezes sou obediente.

2 comentários:

Cacá disse...

=D

Nanny Micheletto disse...

Mantra: não crie, não crie, não crie!

(adorei esse texto, su)

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